quarta-feira, 15 de junho de 2011

Opinião

Sinônimo de desafio

Por Thaís Brito

Falar sobre obesidade é entrar num território marcado por lutas. Superações e fracassos convivem dia a dia nas ruas, nas escolas, nos centros de tratamento. Vencer a batalha contra a balança até pode parecer uma meta individual, mas seus caminhos atravessam os hábitos da nossa sociedade como um todo.

Existiriam tantos obesos na nossa cidade se as escolas não priorizassem as cantinas que vendem principalmente salgados e refrigerantes, iniciando as crianças numa péssima educação alimentar? Se nestes mesmos espaços, aqueles que trazem de casa uma fruta não fossem vistos como estranhos? Se mesmo que as escolas trabalhassem uma alimentação saudável, as crianças também vissem o mesmo exemplo em casa? Se brotassem na cidade estabelecimentos que oferecessem produtos nutritivos com valores acessíveis na mesma velocidade com que brotam os pontos de fast food?

A reeducação alimentar se faz necessidade para todos. É bem mais difícil se habituar a ingerir frutas e legumes quando as pessoas ao redor estão consumindo alimentos mais calóricos e gordurosos, que são os mais atrativos ao paladar. É mais cansativo esperar os resultados de exercícios praticados regularmente se somos bombardeados com propagandas que nos apresentam produtos e procedimentos milagrosos para perder peso.

Infelizmente, não há perspectivas de mudança neste cenário. Shakes e lipoaspirações continuarão no mercado enquanto houver mercado. As pessoas continuarão correndo contra o tempo enquanto precisarem resolver milhares de coisas em 24 horas. Os alimentos passarão a ser preparados em segundos, e os consumidores pensarão sobre isso em frações ainda menores de tempo. As lutas individuais serão travadas como uma lenta caminhada na contramão do movimento frenético da multidão...

Mas, o combate à obesidade deve mesmo ser reduzido a metas pessoais? Certamente não. A iniciativa de cada um deve encontrar ecos na cidade.

A sociedade que conhecemos hoje nos leva a crer que o prazer do aqui e agora continuará sendo idolatrado por pessoas que tem aversão à possibilidade de sofrimento, mesmo cientes de que alguns sacrifícios podem render benefícios à saúde e melhorias na qualidade de vida.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Webjornalismo: Percursos de uma aprendizagem

Por Murilo Viana e Raissa Sampaio

Após muita discussão em sala de aula, estava decidido: a equipe seria formada por nós dois [Murilo e Raissa], Clarissa Augusto, Fernanda Valéria, Jully Lourenço e Marcello Soares. Nós iríamos cobrir os preparativos para a Copa 2014 em nossa capital. Tarefa bastante difícil, devido à abrangência do tema.

Surge então a primeira reunião de pauta. Sugerir, opinar, discutir e, finalmente, concordar. Resolvemos começar  tratando  da reabertura do Estádio Presidente Vargas  com enfoque tanto no jogo Ceará x Guarani quanto na participação do estádio na Copa – ou a falta dela, de acordo com o que indicavam os rumores. As dificuldades não demoraram muito a aparecer. Como faríamos para ir ao jogo e tirar fotos? Como conseguiríamos entrevistas com os jogadores dos times? Decidimos então fazer uma cobertura mais popular e entrevistamos pessoas que tinham ido ao jogo. Em nossa reportagem, usamos inclusive uma foto tirada por Zezinho, um torcedor do Ceará.

No dia 18 de maio, uma informação muda completamente os rumos da nossa primeira postagem. Os rumores de que o PV não estaria mais cotado para participar da Copa foram desmentidos. Nesse dia, a sala de aula pareceu uma redação. Enquanto uns editavam o texto, outros ligavam para assessorias, outros realizavam pesquisas, todos com muita pressa mas muito satisfeitos, tudo no clima de quem acaba de descobrir um grande “furo” jornalístico. A descoberta de que o PV continua na disputa da Copa nos revelou a vulnerabilidade das coberturas da grande mídia e nos deu um foco bem melhor para a matéria. A boa sensação de “furar” a mídia foi inevitável.

Resolvemos , então, experimentar a possibilidade de convergência de mídias que o webjornalismo nos oferece. A equipe partiu para a gravação audiovisual de uma entrevista com Evaldo Lima, secretário de esportes de Fortaleza, que se mostrou muito disposto a falar sobre as condições estruturais do PV. Fomos ao Estádio e produzimos a entrevista que nos rendeu mais um post.

Resolvemos então tentar mostrar a nova função do jornalista online e usar a ferramenta storify para construir uma matéria um tanto diferente. A professora orientadora de nosso blog, Klícia Fontenele, nos alertou que a apuração “em carne e osso”  deve sempre ser priorizada.

A retrospectiva das propostas para a Copa 2014, detalhando as obras e os prazos para o evento em vários posts encaminhava o fim de nossas atividades para o blog. O viés opinativo de nossa cobertura surge, então, com o texto de Fernanda Valéria e Jully Lourenço sobre o que o Brasil precisa para ser um bom anfitrião: se adequar às exigências, mas também se adequar à necessidade de “se mostrar” como Brasil.

De tudo, ficaram duas coisas: a certeza de que o jornalismo nunca é infalível ,e de que nossa profissão deve ser movida sempre por nossa atitude e vontade em  levar informação e transmitir algo relevante para a população.

Opinião - Saúde Pública: Experiência da apuração jornalística

E pensar que a “missão” inicial da nossa equipe era apurar tudo que conseguíssemos sobre as denúncias feitas à atual gestão da prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins... Assunto amplo demais, frente a tanta reclamação, que passeia de buraco em buraco, de super-reveillón em super-reveillón, por entre cartões corporativos e jardins japoneses. A cobertura jornalística local alcança a “marca histórica” de dois, três parágrafos de matérias vagas, recheadas de “começos”, mas pouquíssimos “meios” e “fins”, deixando, no fim das contas, a população sem saber direito sobre as causas - e mesmo sobre a veracidade - de todos os problemas apontados, que, frutos ou não de uma má administração, atingem o cidadão das classes média e baixa com muita força.

Pois que, guiadas pela curiosidade de jornalistas em formação e de cidadãs, bem como pela ideia de que “se você quer a coisa bem feita, faça você mesmo”, decidimos por focar num assunto só, um que há muito preocupa o fortalezense, mas que parece passar despercebido pelas autoridades competentes: a situação da Saúde Pública do município.

Vimos que se trata de uma teia de complicações, que se entrelaçam e avolumam. Partindo do problema dos equipamentos cirúrgicos no IJF - o maior hospital público do Ceará -, nos deparamos com outro sinal concreto de falhas na administração da Saúde de Fortaleza:  a greve dos servidores públicos, não somente odontólogos e enfermeiros do Programa Saúde da Família (PSF), mas, indo além da nossa temática, de mais cinco categorias de funcionários públicos.

Como as práticas éticas do jornalismo mandam, em busca de mostrar um trabalho imparcial e claro aos olhos de todos os cidadãos interessados no assunto, fomos investigar todos os lados de quem estava envolvido na greve: profissionais da área, sindicato e prefeitura, esta através da Secretaria de Administração do Município (SAM). Conversamos com o vice-diretor do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza (Sindifort), Eriston Ferreira, e com a enfermeira Lígia Coimbra, do Centro de Saúde da Família Maciel Brito. Os dois foram bem receptivos e interessados em defender sua "luta" por um aumento salarial de 18% e condições melhores de trabalho. Com relação à prefeitura, infelizmente, não podemos afirmar o mesmo quanto à receptividade. De difícil acesso - quando era para ser a de mais fácil contato - tanto por telefone quanto por e-mail, sempre nos encaminhava a uma área diferente, a um telefone diferente, a um “responsável” diferente e quando justamente conseguimos falar com o assessor da SAM, foi solicitado que mandássemos um e-mail a ele, e-mail esse que não foi respondido a tempo da publicação e que permanece sem resposta até hoje.

Desventuras do deadline - prazo para publicação da notícia - e falhas na comunicação com as fontes, ambos integrantes da realidade jornalística, algumas vezes não nos permitem, como é o desejado, sempre mostrar todos os lados de quem faz parte da informação.


Expediente
Texto: Beatriz Ribeiro e Kelviane Lima
Edição: Gabriela Custódio e Thamires Oliveira

Cetrata é referência em Fortaleza no tratamento da obesidade

Cetrata oferece tratamento para obesos com transtornos alimentares
















O Cetrata (Centro de Transtornos Alimentares), localizado no Hospital Universitário Walter Cantídio, surgiu em 1998 e possui há cinco anos um projeto voltado ao tratamento da obesidade. O psiquiatra e professor da UFC (Universidade Federal do Ceará), Fábio Gomes, é o principal idealizador do projeto.

Trata-se de um grupo terapêutico interdisciplinar que conta com uma equipe de psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas e psiquiatras no atendimento de pacientes obesos de todas as idades, gêneros e classes sociais.

O grupo também é acompanhado por 19 estagiárias dos cursos de Psicologia da UFC (Universidade Federal do Ceará), Nutrição da UECE (Universidade Estadual do Ceará) e  Fisioterapia da Unifor.
Danielle Pires e Jéssika Karine, estagiárias do Cetrata
A principal causa da obesidade do paciente deve estar diretamente ligada a transtornos de ansiedade, como explicou Jéssika Karine, estagiária de psicologia do Centro.

“A obesidade é o que a gente vê a olhos nus, mas por trás de todo esse transtorno alimentar, estão outros transtornos, que é o que a gente vai trabalhar no grupo”, declarou Danielle Pires, estagiária do Centro.

Atualmente, todas as pacientes do Centro são mulheres. Os homens não reagem bem ao tratamento em grupo, preferindo um tratamento individual. “Eles acabam desistindo na metade do tratamento”, afirmou Danielle.

O Cetrata trabalha com a reeducação alimentar. É um processo lento e gradual, que requer muita paciência e engajamento dos pacientes, que muitas vezes abandonam o tratamento por esperar resultados rápidos. “Quando elas aderem à dieta em um dia, elas querem na próxima semana emagrecer vinte quilos”, fala Danielle.

Os médicos tentam conscientizar os pacientes de que eles estão ganhando qualidade de vida. Perder peso é uma consequência disso. Participar do programa e não ganhar peso já é uma vitória.


Reuniões do grupo

Local: Hospital Universitário Walter Cantídio, localizado na rua Alexandre Baraúna, 949, Rodolfo Teófilo.

Dia e Horário: Terças-feiras às 14h. 


Links relacionados: Na luta contra o peso
                               Obesidade: uma questão de saúde física ou psicológica?
                               Roupas para todos os tamanhos
                               Moda Plus Size em Fortaleza
                               Entrevista: Devemos confiar no cálculo do IMC?
                               Fortaleza é a segunda capital com mais obesos no Brasil


EXPEDIENTE:
Texto: Criselides Lima
Edição: Marcella Macena
Entrevista: Marcella Macena e Melissa Campos

Aumento da frota de ônibus em Fortaleza é possível

População fala sobre um possível aumento da frota de ônibus em Fortaleza para melhorar os atrasos do transporte público. E professor Antônio Paulo, Mestre em Engenharia de Transportes e Doutor em Arquitetura e Urbanismo, explica o que é preciso fazer para que esse aumento da frota se torne possível.

Sara Costa - Parada da avenida 13 de maio
                                              Foto: Renan Campêlo
A estudante de psicologia da UFC Sara Costa, 20 anos, falou sobre os problemas de atrasos e da frota insuficiente de ônibus. Para a estudante, em alguns locais onde há carência de ônibus teria que ter um aumento da frota de transportes e criação de novas linhas. Mas, a jovem fala que esse aumento acarretaria mais congestionamento em Fortaleza.
 
Maria do Carmo - Parada próxima à Reitoria - UFC
 Foto: Renan Campêlo





Maria do Carmo, dona de casa, fala que um dos problemas do transporte público é a pouca condução. Para Maria do Carmo "Não tem ônibus à vontade que supra a necessidade da população".  Ela já esperou 45 minutos por um ônibus na parada da avenida 13 de maio e acha que deveria passar ônibus de 10 em 10 minutos.

André Sabino - Parada em frente à Reitoria - UFC
                                                        Foto: Renan Campêlo



André Sabino, 32 anos, professor de Inglês, disse que os maiores problemas do transporte público são os  atrasos dos ônibus e a malha viária que está muito desfalcada. Segundo o professor, a cidade cresceu e as  avenidas não foram alargadas apropriadamente. Por outro lado, ele acha que é possível o aumento da frota de ônibus, pois, para André Sabino, se fosse estimulado o aumento da frota de ônibus e o uso do trasnporte público ao invés do carro próprio, o caos no trânsito seria diminuído.

Será que seria possível o aumento da frota de ônibus em Fortaleza? De acordo com o Professor Antônio Paulo de Hollanda Cavalcante, Mestre em Engenharia de Transportes e Doutor em Arquitetura e Urbanismo, o aumento da frota de ônibus na Cidade só seria possível se houvesse uma melhora no espaço de circulação dos ônibus. Veja abaíxo o vídeo com entrevista do professor Antônio Paulo ao blog Informar, explicando quais fatores seriam necessários para esse aumento de frota.



EXPEDIENTE
Entrevista: Beatriz Cavalcante e Renan Campêlo
Texto: Beatriz Cavalcante
Edição de texto: Beatriz Cavalcante
Foto: Renan Campêlo
Edição de foto: Beatriz Cavalcante
Vídeo: Beatriz Cavalcante
Edição de vídeo: Cláudio e Beatriz Cavalcante


          Entrevista com trabalhadores (motoristas e cobradores) do transporte urbano de Fortaleza

1)      Como são as condições de trabalho?
No momento a demanda de passageiros  é muito alta e está tendo falta de veículos. Muitos carros estão parados e Fortaleza está crescendo. Muitos passageiros reclamam, por causa dos horários, que a frota é pequena, que o ônibus demora muito e quando vem, vem lotado.
2)      Como os motoristas lidam com a rotina de horários e o trânsito engarrafado?
O motorista fica estressado ou em depressão, tentando reduzir a carga horária, é aquela luta, tem o sindicato, os empresários, a população e nós.
3)      Como é que vocês lidam com as situações de risco de assalto?
Em termos de assalto, a gente evita, o certo é não reagir.
4)      Muita gente reclama que alguns motoristas não param para idosos e estudantes. Porque isso acontece?
É muita gente em toda categoria. Tem método ruim e método bom, ás vezes não paramos porque o carro já está muito lotado.
5)      Como é que os motoristas lidam com a responsabilidade de zelar pela integridade dos passageiros?
O motorista tem uma responsabilidade muito grande, por isso que a gente luta pra ganhar mais uma “coisinha”. A gente carrega vidas, o ônibus é uma arma muito perigosa, é coisa de segundo, por isso tem que lidar bem. É difícil, estressante, mas temos que fazer nosso trabalho direito, zelando pelas vidas dos passageiros e pela nossa também.



Essa entrevista mostra um pouco da realidade dos motoristas de ônibus, que não é fácil trabalhar nessas condições, de trânsito, frota, e muita gente, principalmente nos horários de pico. “Se o ônibus tá muito cheio, é reclamação”. Se não está, mas demora muito, é reclamação também! A serviço de ônibus da cidade precisa melhorar, e muito. `´E comum o acordo: passageiros e trabalhadores reclamam!

Por:                                           Com a palavra o Usuário(a)
Anacélia S. Ribeiro
Tassia M. Leite
                                                                                                                                      

Opinião - Saúde pública

O Sistema Único de Saúde (SUS), é um sistema capaz de provocar, na teoria, inveja aos cidadãos de países desenvolvidos como os Estados Unidos. Universalizar o atendimento médico gratuito, e ainda cuidar da prevenção, é coisa que nossos colegas do norte parecem não conseguir aceitar até hoje. Nosso revés já é outro. Embora a Constituição assegure direito à saúde, a situação no atendimento público é caótica.


Um dos maiores hospitais do Nordeste, o Instituto José Frota, de Fortaleza, apesar de receber mais de 150 milhões de reais por ano, sofre com problemas de super-lotação, estrutura e pessoal. Neste ano, já houve incêndio, corte de material cirúrgico e troca da chefia. Enquanto a Prefeitura tem suas diversas justificativas - algumas até plausíveis -, o fato é que a população continua enfrentando os velhos problemas.


E, como vem sendo demonstrado ultimamemente, não só a população. Os servidores da saúde entraram em greve e, como mostra a entrevista com a enfermeira Lígia Coimbra, estão bastante insatisfeitos com suas condições de trabalho. Submetidos a uma rotina exaustiva e, algumas vezes, perigosa, têm reivindicações bastante justas a fazer, uma vez que a remuneração não corresponde ao serviço.


Os enfermeiros e odontólogos em greve ainda provaram que não estavam tirando férias, e sim, lutando pelos direitos. No dia 27 de maio, organizaram atendimentos básicos na Praça do Ferreira. Os profissionais pedem reajuste salarial de 18% e melhores condições de trabalho.


A Prefeita Luizianne promete inauguração de muitas obras até o final do seu mandato, mas não parece estar sendo tão competente assim ao cuidar das pessoas, o que prometia ser uma das marcas de sua gestão. É bom tomar bastante cuidado, porque, ao invés das tão prometidas obras e melhorias, seu legado pode ser apenas que o fortalezense não vote na “esquerda” - ou na esquerda sem aspas - por algumas eleições.

Por Camila Mont'Alverne

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Na luta contra o peso


O blog InFormar entrevistou Karla Alencar, 30, uma mulher comum que luta contra o peso. Há oito anos, Karla pesava 67 quilos. Na gravidez do segundo filho, foi diagnosticada com pré-eclampsia. Em 2009, problemas de pressão, hipertensão e os 95 quilos eram suas grandes preocupações. Motivada pelas melhorias na saúde, Karla procurou ajuda profissional para emagrecer. Hoje trabalha numa academia, pesa 80 quilos e pretende chegar aos 70.
Karla aos 67kg em 2003


InFormar – Como surgiu a sua decisão de emagrecer com ajuda profissional?

Karla – Eu tive pré-eclampsia na gravidez do meu segundo filho. A pressão arterial aumentou e não estava voltando ao normal, então eu tive que procurar alguma ajuda pela saúde mesmo. Além de me sentir mal, eu sentia dores de cabeça. Ia nos lugares e não me sentia bem. Sentia muito cansaço fazendo coisas básicas, não tinha muita resistência física. Eu tinha 28 anos quando decidi emagrecer. Estava com 95 quilos. Fora a saúde, tinha a questão também de não achar roupa. Aliei as duas coisas, porque você vai ficando saudável e ficando mais bonita. A autoestima melhora também.



InFormar – Que tipo de ajuda você procurou?

Karla - Primeiro eu marquei com o endocrinologista. Fiz o tratamento com o endócrino, que passou medicação e uma dieta que reduziu muito a minha ingestão de carboidratos. Fiz o tratamento por uns 3 meses e perdi 15 quilos. Parei porque os medicamentos estavam causando alguns efeitos colaterais. Eu ficava com a boca seca, querendo passar mal, então não aguentei mais continuar. Passei um ano só mantendo o peso com exercícios.


InFormar – Você já tentava emagrecer sozinha?

Karla – Tentava sim, com as "dietas doidas". Dizia que ia deixar de comer algumas coisas, diminuir outras. Mas sozinha você acaba cedendo. Você acaba perdendo a motivação e não consegue. Tem que buscar ajuda.

Em seu maior peso: 95kg
InFormar – Que hábitos você teve que mudar para perder peso?


Karla - Primeiro eu tinha que ter consciência de que meus hábitos precisavam mudar. As pessoas da minha casa comem muito. À noite, eu via meu marido fazendo aquele sanduíche, os filhos comendo tudo que é gostoso e minha sogra cozinhando sempre muito bem. Eu tinha só que olhar, respirar fundo e fazer outra coisa que fosse mais leve. Comia uma sopa ou um iogurte. Tive que fazer exercícios regularmente pra manter o peso e emagrecer mais rápido. E eu não praticava nenhum. Nunca tinha ido à academia, nunca tinha feito caminhada, nada disso. E agora eu não consigo ficar sem, malho todos os dias. Também tive que ajustar meus horários de sono e passei a beber muito líquido.

InFormar – Você ainda enfrenta dificuldades em relação aos hábitos do cotidiano?

Karla - Com certeza. Existem as saídas, as comilanças nos aniversários. Mas eu sempre me organizo. Se eu souber que eu vou ter que sair pra comer, eu já dou uma ajeitada no meu dia. Eu acho que se reeducar é o que todo mundo tem que fazer. Você vai pra um restaurante e morre de comer. Semana passada fui a um rodízio de massas. Antes comia tudo o que via, agora já tenho a consciência do que aquilo faz com meu corpo e como bem menos.  Eu sou muito determinada. Você pode dizer mil vezes que eu não vou conseguir, mas eu vou e consigo. 

InFormar – Quais são suas metas?

15kg a menos em 2011
Karla - Perder mais 10 quilos e manter, que é a parte mais difícil. A meta dos endocrinologistas é 65 a 67 quilos. Acho que eles querem que a gente vire modelo. Hoje peso 80 quilos e quero chegar aos 70. Tem uma dimensão da cintura que vai dizer se a sua medida é saudável ou não para o coração. A minha cintura ainda não é, tenho que diminuir 20 centímetros. Tenho o cuidado redobrado porque também sou hipertensa. Pretendo depois procurar um profissional para ajudar a manter os 70 quilos com alimentação balanceada e exercícios físicos. Não quero deixar de malhar nunca, já botei isso na cabeça.


 InFormar – Como você se sente em relação a si mesma?

Karla - Muito melhor que antes em relação a tudo. Tenho bem mais disposição. Acordo e estou pronta para tudo. Existem os conflitos normais que a gente tem, mas tudo muda no jeito de lidar com os problemas. É muito mais fácil porque você se sente saudável, feliz consigo mesma e com o seu corpo. Então você tem uma preocupação a menos, nem tem comparação.







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                                     Moda Plus Size em Fortaleza
                                     Entrevista: Devemos confiar no cálculo do IMC?
                                     Fortaleza é a segunda capital com mais obesos no Brasil




EXPEDIENTE
Entrevista: Larissa Sousa e Thaís Brito
Edição: Marcella Macena
Imagens do arquivo pessoal