Por Thaís Brito
Falar sobre obesidade é entrar num território marcado por lutas. Superações e fracassos convivem dia a dia nas ruas, nas escolas, nos centros de tratamento. Vencer a batalha contra a balança até pode parecer uma meta individual, mas seus caminhos atravessam os hábitos da nossa sociedade como um todo.
Existiriam tantos obesos na nossa cidade se as escolas não priorizassem as cantinas que vendem principalmente salgados e refrigerantes, iniciando as crianças numa péssima educação alimentar? Se nestes mesmos espaços, aqueles que trazem de casa uma fruta não fossem vistos como estranhos? Se mesmo que as escolas trabalhassem uma alimentação saudável, as crianças também vissem o mesmo exemplo em casa? Se brotassem na cidade estabelecimentos que oferecessem produtos nutritivos com valores acessíveis na mesma velocidade com que brotam os pontos de fast food?
A reeducação alimentar se faz necessidade para todos. É bem mais difícil se habituar a ingerir frutas e legumes quando as pessoas ao redor estão consumindo alimentos mais calóricos e gordurosos, que são os mais atrativos ao paladar. É mais cansativo esperar os resultados de exercícios praticados regularmente se somos bombardeados com propagandas que nos apresentam produtos e procedimentos milagrosos para perder peso.
Infelizmente, não há perspectivas de mudança neste cenário. Shakes e lipoaspirações continuarão no mercado enquanto houver mercado. As pessoas continuarão correndo contra o tempo enquanto precisarem resolver milhares de coisas em 24 horas. Os alimentos passarão a ser preparados em segundos, e os consumidores pensarão sobre isso em frações ainda menores de tempo. As lutas individuais serão travadas como uma lenta caminhada na contramão do movimento frenético da multidão...
Mas, o combate à obesidade deve mesmo ser reduzido a metas pessoais? Certamente não. A iniciativa de cada um deve encontrar ecos na cidade.
A sociedade que conhecemos hoje nos leva a crer que o prazer do aqui e agora continuará sendo idolatrado por pessoas que tem aversão à possibilidade de sofrimento, mesmo cientes de que alguns sacrifícios podem render benefícios à saúde e melhorias na qualidade de vida.
Eu tô sentindo na pele o quanto é complicado passar por uma readaptação alimentar. Comer fora de casa é complicado, e a maioria das coisas é extremamente calórica. Pro obeso, isso é pior ainda, porque as condições emocionais ainda são mais determinantes. A parte boa é que, depois de alguns meses, a vontade de comer essas comidas tão calóricas diminui bastante, o problema é conseguir resistir no começo.
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