terça-feira, 14 de junho de 2011

Opinião - Saúde Pública: Experiência da apuração jornalística

E pensar que a “missão” inicial da nossa equipe era apurar tudo que conseguíssemos sobre as denúncias feitas à atual gestão da prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins... Assunto amplo demais, frente a tanta reclamação, que passeia de buraco em buraco, de super-reveillón em super-reveillón, por entre cartões corporativos e jardins japoneses. A cobertura jornalística local alcança a “marca histórica” de dois, três parágrafos de matérias vagas, recheadas de “começos”, mas pouquíssimos “meios” e “fins”, deixando, no fim das contas, a população sem saber direito sobre as causas - e mesmo sobre a veracidade - de todos os problemas apontados, que, frutos ou não de uma má administração, atingem o cidadão das classes média e baixa com muita força.

Pois que, guiadas pela curiosidade de jornalistas em formação e de cidadãs, bem como pela ideia de que “se você quer a coisa bem feita, faça você mesmo”, decidimos por focar num assunto só, um que há muito preocupa o fortalezense, mas que parece passar despercebido pelas autoridades competentes: a situação da Saúde Pública do município.

Vimos que se trata de uma teia de complicações, que se entrelaçam e avolumam. Partindo do problema dos equipamentos cirúrgicos no IJF - o maior hospital público do Ceará -, nos deparamos com outro sinal concreto de falhas na administração da Saúde de Fortaleza:  a greve dos servidores públicos, não somente odontólogos e enfermeiros do Programa Saúde da Família (PSF), mas, indo além da nossa temática, de mais cinco categorias de funcionários públicos.

Como as práticas éticas do jornalismo mandam, em busca de mostrar um trabalho imparcial e claro aos olhos de todos os cidadãos interessados no assunto, fomos investigar todos os lados de quem estava envolvido na greve: profissionais da área, sindicato e prefeitura, esta através da Secretaria de Administração do Município (SAM). Conversamos com o vice-diretor do Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos do Município de Fortaleza (Sindifort), Eriston Ferreira, e com a enfermeira Lígia Coimbra, do Centro de Saúde da Família Maciel Brito. Os dois foram bem receptivos e interessados em defender sua "luta" por um aumento salarial de 18% e condições melhores de trabalho. Com relação à prefeitura, infelizmente, não podemos afirmar o mesmo quanto à receptividade. De difícil acesso - quando era para ser a de mais fácil contato - tanto por telefone quanto por e-mail, sempre nos encaminhava a uma área diferente, a um telefone diferente, a um “responsável” diferente e quando justamente conseguimos falar com o assessor da SAM, foi solicitado que mandássemos um e-mail a ele, e-mail esse que não foi respondido a tempo da publicação e que permanece sem resposta até hoje.

Desventuras do deadline - prazo para publicação da notícia - e falhas na comunicação com as fontes, ambos integrantes da realidade jornalística, algumas vezes não nos permitem, como é o desejado, sempre mostrar todos os lados de quem faz parte da informação.


Expediente
Texto: Beatriz Ribeiro e Kelviane Lima
Edição: Gabriela Custódio e Thamires Oliveira

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